POR DENTRO DOS JARDINS DA CASA COR SÃO PAULO 2017
A Casa Cor é a maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do país, por isso mesmo é essencial que nós, profissionais, fiquemos de olho no que acontece por lá.
Esse ano tive a oportunidade de visita-la novamente para poder trazer para você as principais tendências no paisagismo. Como os espaços são numerosos seria impossível falar sobre cada um deles, por isso abordarei algumas características comuns como materiais e elementos que chamam atenção nos jardins e também em alguns ambientes internos. Vamos lá?
Greenery
Se você já viu esse post aqui, você viu que a cor do ano da Pantone é o Greenery. Andando por lá foi possível perceber que os arquitetos levaram a sério o conceito! O verde se mostrou super presente na maioria dos ambientes internos, tanto com a utilização da vegetação em vasos, canteiros ou terrários, quanto com a utilização de revestimentos diversos, estofados e tapetes.
Em muitos ambientes também era possível ver quadros com fotos de árvores. Um dos exemplos mais bonitos foi essa montagem no espaço Lounge Sala de Banho, das arquitetas Luciana Bicheri e Paula Leme. De longe, parece uma árvore única toda recortada em molduras. De perto, cada quadro é composto pela foto de um pedaço de uma árvore diferente. O encaixe e o resultado são perfeitos!
Cactos e suculentas
Esses também continuaram presentes e chegaram a ganhar um destaque lindo nos espaços da paisagista Clariça Lima e da arquiteta Sandra Moura (pela Acta Botânica), como é possível ver nas fotos abaixo.
Jardins Verticais
Os jardins verticais continuam em alta e não é para menos. Lindos, chamam muita atenção e possuem muitos benefícios agregados, como promover a melhora no microclima do ambiente (temperatura, umidade e qualidade do ar). Eles estavam presentes em boa quantidade de ambientes internos e externos.
Água
Espelhos d’água, lagos e fontes são elementos sempre presentes nos jardins da Casa Cor. Neste ano esses elementos foram muito bem produzidos compondo espaços incríveis. Os destaques vão para os lagos do espaço Praça Urbana do paisagista Ricardo Pessuto, valorizados por vegetação exuberante, esculturas e peixes coloridos; e para o espaço Deca com paisagismo de Alex Hanazaki, que se utilizou de torneiras, pias e chuveiros para formar cascatas e valorizar o elemento água ao máximo. O barulho da água era marcante e o espaço entre os chuveiros e a parede de gabião abrigado sob o teto passava uma sensação incrível de ser uma caverna com vista para um jardim lindo.
Fogo
O fogo nos ambientes externos tem três funções bem bacanas. A primeira é a mais óbvia: aquecer o espaço. É claro que o aquecimento vai depender do frio que estiver fazendo, do tipo e do tamanho do tocheiro, e da proximidade com o fogo, mas em muitas situações ele ajuda, permitindo que as pessoas utilizem o jardim por mais tempo.
A segunda é a iluminação. Ele ajuda a iluminar o espaço, aumentando a sensação de segurança no caminhar e aproveitar o jardim à noite.
A terceira é a valorização do espaço. O fogo atrai os olhares e, como ele ajuda a iluminar, ajuda também a destacar o que está ao seu redor. Eu, particularmente, também gosto muito de olhar para o fogo e de tirar fotos incríveis das chamas.
Iluminação
Dei duas voltas completas na Casa Cor para poder tirar fotos de dia e de noite dos jardins e provar o quanto é importante uma iluminação bem feita!
Em primeiro lugar é a iluminação que vai proporcionar segurança para as caminhadas pelo jardim durante a noite. Por isso mesmo ela é item obrigatório dependendo do projeto! Uma iluminação bem feita vai prevenir acidente como tropeços e escorregões, além de possibilitar que você consiga desviar de possíveis animais indesejados que possam estar passeando pelo mesmo caminho que você (aranhas, cobras ou até mesmo escorpiões, dependendo da localização do jardim).
Em segundo lugar, a iluminação valorizará o seu projeto, destacando elementos importantes e transformando a experiência de observar o seu jardim. É só dar uma olhada nas imagens abaixo para entender sobre o quê eu estou falando.
Atenção, não se esqueça: isso é uma mostra!
Não podia finalizar o texto sem informar que todo ano é possível ver nesses espaços algumas coisas que não podem ser reproduzidas na vida real. Por quê? Simplesmente porque elas não funcionam, como, por exemplo, esse maciço de Ficus lyrata (essa verde de folhas largas ao fundo) no jardim do Alex Hanazaki. A espécie é linda, está muito na moda, presente em diversas referências no Pinterest, mas é uma árvore que fica enooorme quando adulta. Não só em altura; seu tronco também fica bem largo, assim como a copa.
Já imaginou os problemas que você poderia ter se resolvesse plantar uma ao lado da outra assim, formando uma cerca-viva, não é? Aliás, desaconselho até mesmo que você a tenha plantada em vaso na sua casa ou escritório, pois no futuro ela precisará ser replantada. Se você tiver um espaço de pelo menos 20m de diâmetro em um sítio para planta-la, sem problemas, mas se a sua solução for plantar futuramente na calçada ou em um canteiro do seu prédio ou condomínio… confie em mim, melhor deixar ela de lado e escolher ter outra planta. Ela é daquelas que busca água incansavelmente e estoura vasos, canos, calçadas e gera dor de cabeça para a vizinhança toda.
“Mas, Lilian, então você está me dizendo que o Hanazaki cometeu um erro?” – Não! Posso te garantir que ele sabe muito bem o que faz. Ele sabe que está em uma mostra e, por isso mesmo, não precisa respeitar as regras de um jardim convencional, podendo ousar e ser mais criativo. O seu espaço vai durar apenas dois meses e depois será desmontado (as plantas muitas vezes não estão sequer plantadas, continuam nos potes em que vieram, apenas apoiadas no chão), diferentemente de um jardim real. O jardim precisa ser marcante para chamar atenção, para se destacar, mas não precisa necessariamente ser totalmente reproduzível. Já outras partes do jardim sim, podem ser “reproduzidas” sem problemas (vamos lembrar que cópia do trabalho dos outros nunca é legal e que inspiração é diferente de cópia).
E aí é que mora a importância dessa informação: você não pode sair copiando na sua casa as referências que estão presentes nesses eventos simplesmente porque viu e achou lindo. É preciso sempre se informar antes. Saber como a espécie se comporta, quais são os cuidados, em quais ambientes ela vai bem, entre outros.
Outro exemplo visto por lá é essa horta da cozinha criada pela Érica Salguero, pela qual todos se encantam. É claro que eu também acho linda, mas sei que essas espécies geralmente precisam de pelo menos quatro horas diárias de sol para viverem com dignidade. Essa situação de cozinha provavelmente nunca receberia tanto sol assim, portanto, para esse projeto funcionar na vida real esses vasos poderiam ser colocados nesse espaço somente em dias especiais, em que você fosse receber convidados, por exemplo, mas depois precisariam ir para uma área externa.
Se você é de São Paulo e quer conferir isso tudo de perto, pode ser que ainda dê tempo: a Casa Cor termina nesse domingo dia 23/07, ou seja, ainda tem dois dias para aproveitar. Para te ajudar: eles divulgaram hoje que ganha 50% de desconto no valor do ingresso (sairia por 35 reais) quem levar um agasalho para doação.
Eu espero que você tenha gostado desse post. Para eu saber que sim, deixe o seu comentário aqui abaixo. Se não gostou, me diz o que foi que faltou abordar! Só assim poderei saber como trazer as melhores informações pra te ajudar a ter e cuidar do seu jardim dos sonhos!
Um super beijo, nos vemos no próximo post! (Ou no Instagram, segue lá pra conferir as novidades sempre em primeira mão: https://www.instagram.com/liliancasagrandepaisagismo/)